Presidente
da Comissão de Minas e Energia pronuncia discurso em favor
do Setor Mineral
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao assumir a Presidência
da Comissão de Minas e Energia, reuni-me com meus pares
para estabelecer as ações prioritárias para
este ano. Nesse encontro, ficou claro que são muitas as
matérias que estão a reclamar a atenção
dos parlamentares. Entre elas, sobressai a política e a
regulação do setor mineral.
A urgência dessa matéria prende-se
á expressiva contribuição do setor mineral
para a economia e para o desenvolvimento do país, bem como
às dificuldades enfrentadas pelos órgãos
aos quais está afeta essa questão.
Com efeito, o subsetor extrativo mineral, medido
pós a primeira transformação industrial,
responde aproximadamente 8,5 % do Produto Interno Bruto, equivalente
a pouco menos de 40 bilhões de dólares norte- americanos,
tendo essa participação aumentando nos últimos
6 anos. Ademais, a produção mineral beneficia muitas
regiões em que a atividade econômica é escassa.
Outra importante contribuição
da atividade mineral relaciona-se à Compensação
Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
CFEM, a qual é devida pelas empresas mineradoras aos estados,
municípios e órgãos da administração
direta da União. Em 2002, a arrecadação da
CFEM foi de R$ 186,3 milhões, tendo alcançado o
valor de R$ 291 milhões em 2003.
De igual modo, a balança comercial do
setor mineral é bastante expressiva. O déficit registrado
em 2000 e 2001 foi revertido em 2002, quando se verificou superávit
de US$ 2.831 milhões, o qual seria ainda maior (US$ 6.367
milhões), caso fossem excluídos petróleo,
gás natural e seus derivados.
Essa reversão do resultado da balança
comercial possibilitada, essencialmente, pela alta generalizada
dos preços das commodities. O preço do níquel
na Bolsa de Metais de Londres, por exemplo, passou de US$ 4.626/t
em 1998 para US$ 15.227/t no primeiro bimestre deste ano, o que
corresponde a incrível aumento de 229,1%. Adicionalmente,
houvecrescimento Nas quantidades exportadas pelo setor mineral.
Graças a isso, as vendas externas de bens primários
alcançaram R$ 5.300 milhões, em 2002 (aumento de
25,8% com relação ao ano anterior).
Ao que tudo indica, os elevados preços
dos minerais no mercado internacional vão perdurar por
vários anos. Fala-se que estamos no início de um
ciclo de preços altos. É nessas ocasiões
que os investidores internacionais definem onde irão fazer
seus investimentos na exploração e desenvolvimento
de minerais. A competição por tais recursos é
feroz. Infelizmente, a conjuntura internacional favorável
coincide com um ambiente interno propício ao imprescindível
investimento da iniciativa privada, nacional e internacional.
Um ambiente conducente à realização
de novos investimentos requer política mineral adequada,
a qual compreende: tributação razoável, oferta
de crédito compatível com as particularidades da
atividade e agilidade na concessão de licenças ambientais.
É preciso, ainda, boa gestão dos bens minerais,
para o que a disponibilidade de informações geológicas
básicas é essencial.
Infelizmente, os órgãos públicos
incumbidos dessas responsabilidades não dispõem
de condições compatíveis com a magnitude
dessa missão. Efetivamente, tanto a Secretaria de Minas
e Metalurgia quanto o Departamento Nacional de Produção
Mineral DNPM, ambos vinculados ao Ministério de Minas e
Energia, têm de conviver com a carência de recursos
materiais e humanos.
A situação do DNPM, autarquia
que acaba de completar 70 anos, é particularmente grave.
Possui apenas 840 funcionários, lotados na sede e nos 25
escritórios localizados nos estados. O último concurso
público para contratação de pessoal foi realizado
em 1978. Isso mesmo, Sr. Presidente, há exatos 26 anos.
Em conseqüência disso, a idade média de seus
técnicos é de cerca de 50 anos, valor muito acima
do razoável para o desempenho de atividades que, não
raro, exige o deslocamento para lugares inóspitos. Por
fim, o salário médio dos servidores do DNPM é
R$ 1.972, uma das mais baixas remunerações do Poder
Executivo.
E por que se chegou a esse envelhecimento do
pessoal técnico? Basicamente, pelo fato de o DNPM não
ter tido a possibilidade de oferecer salário e condição
de trabalho capazes de atrair novos profissionais para preencher
vagas.
Para piorar a situação, o seu
funcionamento vem sendo, sobremaneira, prejudicado pela crônica
insuficiência de recursos orçamentários. Atividades
essenciais como, por exemplo, a fiscalização da
pesquisa e da lavra de minerais, Foram submetidas a cortes de
tal proporção que podem comprometer a arrecadação
de tributos e a preservação do meio ambiente.
Ë por isso, Sras. e Srs. Deputados, que
urge estabelecer política pública que estimule a
realização de investimentos no aumento da produção
nacional de minérios, para o que é essencial promover
a desoneração de tais investimentos e crédito
compatível com as características da atividade.
Chamo a atenção, também,
para a necessidade de promover ajuste das peças orçamentárias
com vistas a dotar o DNPM dos recursos necessários à
sua modernização tecnológica e administrativa,
com a realização imediata de concurso público
para recrutamento de pessoal técnico.
No que concerne à questão ambiental,
apesar dos reiterados apelos das entidades empresariais desde
meados da década de 90, as dificuldades para obtenção
das licenças persistem, o que tem retardado significativamente
o desenvolvimento do setor. Muitos são os projetos para
aproveitamento de minerais que vêm sendo prejudicados. Á
guisa de exemplo, relaciono alguns: ferro, em Urucum, Mato Grosso
do Sul; diamante, na Serra da Canastra, Minas Gerais e bauxita,
no Estado do Pará.
Desta feita, contudo, parece que há motivos
para esperança. Refiro-me ao acordo de cooperação
técnica entre o Ministério de Minas e Energia e
o Ministério de Meio Ambiente, celebrado em 30 de março
último, com o objetivo de fortalecer a agenda comum dessas
pastas e de superar o passivo ambiental dos setores mineral e
energético.
Por oportuno, deve-se registrar que, a despeito
de todas essas dificuldades, fomos capazes de criar e assegurar
o desenvolvimento de uma das maiores mineradoras mundiais, exemplo
de eficiência e produtividade, a Companhia Vale do Rio Doce,
a qual foi, até um passado recente, a maior Exportadora
do país. Imaginem, Sras. e Srs. Deputados, o que o setor
mineral poderá fazer pelo Brasil caso os óbices
mencionados anteriormente sejam removidos.
São exemplos como esse, Sr. Presidente,
permitem estar convicto que a adoção das medidas
citadas anteriormente, a qual contará com o apoio da Comissão
de Minas e Energia, levará o Brasil a assumir posição
liderança na indústria mineral mundial. Naturalmente,
isso é muito bom para a economia, porquanto o setor mineral
sempre respondeu a estímulos favoráveis com rápido
aumento da produção e a geração de
mais empregos e renda. Muito obrigado.
Setor Mineral: 13:22
- 20/04/2004
Fonte: Assessoria do DNPM
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